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Poesias

Meu Girassol

As luzes se apagam, taciturno
fico sem ver fim nesse estado:
ocultado em sinistro noturno,
Perdido com registro listado.
Quando uma luz assombra
As trevas e toda sua sombra!
És meu girassol que assoma,
meu melhor bem conquistado.
A próxima aventura...

Nasce o novo sol
evitando o evitável:
esguiando-se nas nuvens,
sem temer o inevitável...
Brilha com alegria
ainda que sabendo
da tarde que será fúnebre,
segue vivendo.

Sejamos como o sol:

que, com alegria pura,
vence as nuvens da vida
e põe-se a seguir
para a próxima aventura...
Escola

Escola privada: merda —
escola pública herda.
Desastre

Foi-se na vontade de ficar
e indo não ficou a edificar,
pois ficando não iria para lá
e ficaria aqui, sem tentar.

Voltou pensando em ir
pois não sabia decidir,
decidindo então seguir,
mesmo que dali.

Ficou então indo embora,
pois indo não deixou o agora,
sempre olhando a hora
toda hora a ver demora.

Demorou tudo o que pôde
entre o ontem e o amanhã
sem saber que era hoje.
Casa na planície

Casa na planície,
na planície deserta,
sem água
e descoberta.
Onde sol tanto bate,
não é achado quentinho,
nem traz alerta...
Casa na planície
em que sinto o só,
mesmo que muitos passem
não muito trazem,
dentro ou fora do aió.
Cada vinda é esperança,
cada ida esmorece
fugindo do só, cansa,
do ciclo que enlouquece.
A terra satânica

Falta-me O Quê
e sobra-me a vontade,
o tanto faz a se fazer -
quando o fazer é a verdade.
E quando o faltado -
por tal, inútil -
cá reclamado,
digo a meu ato:
expulse-o!

E vou...
Como a fúria oceânica!
Rasgando a terra vulcânica -
a tal dúvida lânguida -
dos poetas, satânica.
"poesia sem nome"

Palavras de tipos radiantes
ao vento, levadas distante...
enquanto se passa o tempo
e a vida, que vai galopante.
Perdido é o esmero nisso,
como ouro jogado no lixo.
Falhado então seu tesouro,
só resta-te ser esquecido.
Tantas coisas a se fazer...

Tantas coisas a se fazer,
quanto folhas na árvore,
quanto peso no mármore,
quanto o tudo do haver.

E tudo eu a deitar veloz,
como se solto do abismo,
como de fé sem ceticismo,
ou perseguido por algoz.

Afoito! e perdido, vago,
como um crime egoísta,
como sobras numa lista,
ou numa poça afogado.

Jogado! resto de tabaco!
Queimado fora há tempo
num resto de momento
- no gesto, descartado.